O balanço anual de 2013 do setor
de transformação do plástico é um exemplo muito claro de que a indústria
brasileira continua premida pela perda de competitividade. Sua recuperação,
considerando que paga salários altos, aporta e desenvolve tecnologia e exporta
itens de alto valor agregado, é decisiva para que o PIB volte a crescer de modo
mais substantivo.
O crescimento da produção física
do setor poderia ter sido sensivelmente maior do que o índice de 1,6% em 2013,
quando alcançou 6,67 milhões de toneladas, ante 6,66 milhões em 2012. O
segmento de laminados foi o que apresentou maior expansão, com 8,3%. Em
seguida, aparece o de artefatos diversos, com alta de 1,2%, e o de embalagens,
que registrou queda de 0,3%. Os laminados foram puxados pelo setor automotivo,
que expandiu devido à política de crédito e incentivos fiscais. Por outro lado,
a importação de alimentos embalados aumentou, prejudicando as embalagens
plásticas nacionais.
Em valores, a produção cresceu
8,6% na comparação 2012-2013, saindo de R$ 56,46 bilhões para R$ 61,33 bilhões.
O consumo aparente registrou aumento de 9,1%: de R$ 60,8 bilhões, foi para R$
66,3 bilhões. Aqui há um dado crucial para evidenciar a perda de
competitividade da indústria brasileira: o consumo cresceu de modo expressivo, mas
está sendo atendido em grande parte pelas importações, em detrimento da
produção nacional.
Em consequência, repete-se o
saldo negativo na balança comercial: o setor exportou 7% mais na comparação com
o ano anterior, com 255 milhões de toneladas, e importou 6% acima do registrado
em 2012, um total de 731 milhões de toneladas. No comércio exterior setorial, o
déficit já era negativo em US$ 2,05 bilhões no acumulado de janeiro a outubro,
com um crescimento de 8,52% em relação a igual período de 2012. Mesmo nesse
cenário, os investimentos tiveram crescimento de 4,8% na comparação com o ano
anterior, totalizando R$ 1,97 bilhão.
Quanto ao emprego, registramos
alta de 2,2% (7.600 novos postos). Todos esses números poderiam ser melhores se
o Brasil conseguisse redespertar seu espírito empreendedor. Investir também
significa correr riscos, mas os empresários mostram-se mais céticos ante
incertezas e mudanças de cenários. É premente reduzir a burocracia e o custo da
produção, ampliar a segurança jurídica e estabilizar o câmbio e os juros em
níveis adequados. É necessária uma estratégia definida e com métricas claras,
não para cada semana, mas os próximos 15 ou 20 anos. Precisamos ser ambiciosos.
No atual ritmo, levaremos 40 anos para ascender a um grau mais elevado de
progresso. Com medidas práticas e estratégicas, o Brasil saltaria da posição de
país de renda média para a de nação desenvolvida.
O país teve avanços importantes
nos últimos anos, como a mitigação das desigualdades. Também é positiva a
maneira como resistimos à crise mundial, com medidas anticíclicas que garantem
uma das menores taxas de desemprego do mundo. Porém, o modelo esgotou-se.
Agora, é preciso ir além, com política fiscal mais transparente, resgate da
competitividade industrial e sinalização de um cenário definido e claro para o
estímulo do empreendedorismo e dos investimentos.
Fonte: José Ricardo Roriz Coelho, é vice-presidente e diretor do
Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp e presidente da Abiplast
/Blog do Plástico
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